sobre nós
O Centro Interpretativo foi criado com a intenção de preservar uma interessante história que teve lugar na Casa Vila Alice.
Para isso conta com o edifício em questão, completamente restaurado, mas sem alterações na sua estrutura. O interior tem um ambiente moderno e agradável, harmoniosamente ligado com um o estilo do século XIX.
Dispomos de diferentes atividades para todos os gostos e faixas etárias, devidamente organizadas e programadas pela nossa equipa para lhe dar a conhecer esta emocionante história da melhor forma possível.
história |
A Vila Alice é uma moradia, que se
encontra para venda e que tem uma história invulgar que se prende com o século
XIX e com as lutas liberais em Portugal. A história desta família começa com
Hugo Owen. Este foi coronel auxiliar e conselheiro militar do Rei D. Pedro de
Portugal. Iniciou a sua carreira militar em 1803, quando foi capitão voluntário
em Thropshire, na Grã-Bretanha, mas só entrou no exército 6 anos mais tarde, em
1809, embarcando logo para Portugal onde foi promovido a capitão pelo marechal
Beresford. Participou nas invasões francesas a favor de Portugal e no fim da
guerra foi novamente promovido, desta vez a tenente-coronel do regimento de
cavalaria n.º 6 de Chaves. Em 1820 recebe o título de coronel e acompanha
Beresford numa viagem ao Brasil, regressando no mesmo ano, com a revolução de
1820, Revolução Liberal em curso. No decorrer desta revolução foi despedido,
assim como Beresford e todos os outros oficiais britânicos retirando-se do
exército.
A 20 de Dezembro de 1820 casa com Maria Rita da Rocha Pinto Velho da Silva, uma viúva, filha de um grande negociante de Vinho do Porto de quem teve quatro filhos, entre eles Fanny Owen. Em 1856 regressou ao seu país, abandonando a mulher e os filhos. Fanny Owen, uma das filhas do coronel Owen, viveu também na casa ‘Vila Alice’ e foi uma das personagens principais do trágico episódio que ocorreu na casa, juntamente com José Augusto Magalhães e o conhecido escritor Camilo Castelo Branco. O dia 7 de Junho do ano de 1849, véspera de uma famosa romaria foi uma data memorável para Camilo e José Augusto Magalhães, pois foi o dia em que restabeleceram a sua amizade. Durante um passeio a cavalo, os dois passaram em frente à casa onde habitava o coronel Owen, a sua mulher, os dois filhos, Hugo e Henrique e as duas filhas, Francisca (Fanny) e Maria Rita. José Augusto estava apaixonado pelas duas irmãs Owen, depois de alguns encontros em bailes entre os dois amigos e as raparigas. No início o seu coração inclina-se mais para Maria, mas depois ficou sem saber qual delas mais amava, pelo que decidiu mudar-se para Vilar do Paraíso, passando a visitar as duas irmãs na sua casa, a “Vila Alice”. Camilo segue os passos do amigo e, em 1851 vai também morar para uma casa na freguesia, onde fica cerca de um mês. Nessa casa dedicou-se a escrever sobre as pessoas e as paisagens de Vilar do Paraíso. Pensa-se que Camilo não se mudou simplesmente para acompanhar o amigo, mas também porque começava a despertar interesse pelas irmãs, pelo que os dois começaram a visitar a casa dos Owen com frequência. Entretanto, José Augusto fica noivo de Maria Rita, mas começa a nascer um interesse pela irmã, Fanny, o que também aconteceu com o amigo Camilo. Este último começou a escrever poemas e cartas inocentes a Fanny e isso perturbou um pouco José Augusto. A situação piorou quando a rapariga decide responder às cartas de Camilo e José Augusto reage severamente, acabando mesmo por ameaçá-la, ainda que indirectamente, mudando-se, de seguida, para o Porto. Ainda que respondesse às cartas de Camilo, por volta dos seus 22 anos Fanny não resiste ao amor por José Augusto. Como é obvio a família dela não apoiou tal romance, por isso, na noite do dia 11 de Julho de 1853 Fanny foge com José Augusto com destino à casa de Soeime e instala-se o escândalo em casa dos Owen. Por volta dessa altura surgem boatos de que também um espanhol, chamado Fuentes recebia cartas da jovem Fanny quando esta já se encontrava num relacionamento com José Augusto. Fanny e José Augusto casaram-se no dia 5 de Setembro de 1853 mas devido aos ciúmes e à obsessão dele, o “rapto” transformou-se num drama, pois culminou com a morte de ambos em 1854. O Dr. Joaquim José Ferreira, médico de Fanny, afirmou que ela morreu virgem, pelo que se pensa que José Augusto não terá sido “nem bom marido, nem bom amante”. Uma das possíveis razões para isto ter acontecido é o facto de os seus ciúmes serem tão intensos que o levaram a pensar que Fanny tinha estado com outro homem antes dele. Camilo, amigo de José Augusto foi apontado como o principal responsável pela infelicidade do casal, já que foi ele o responsável por fazer chegar às mãos de José Augusto as cartas de Fanny com o espanhol. Como já foi referido em pontos anteriores, esta história dramática ficou imortalizada no filme “Francisca” de Manoel de Oliveira e no romance com o mesmo nome, da escritora Agustina Bessa Luís. |